Influência da mídia nos hábitos alimentares

A alimentação é uma das necessidades mais importantes para o desenvolvimento do ser humano, não somente no aspecto biológico, como também por envolver os aspectos sociais, psicológicos e econômicos. O alimento se faz presente em todas as etapas de nossa vida, contudo, é na infância e na adolescência que ele se torna mais importante (KART; HUBSCHER; MURA, 2007).

Segundo o Ministério da Saúde, 3 a cada 10 crianças que são atendidas na rede pública estão acima do peso, e isso se deve a erros alimentares nessa fase, onde os pais que são responsáveis pela introdução dos alimentos, fazem as escolhas erradas e conduzem a hábitos inadequados. Pelo menos 50% das crianças brasileiras entre 6 meses e 2 anos já consumiu algum alimento ultra processado e 33% já tomou bebidas adoçadas.

A obesidade aumenta o risco de problemas cardiovasculares, diabetes e de alguns tipos de câncer. Isso preocupa os profissionais da saúde, uma vez que desde muito cedo as pessoas começam a desenvolver problemas, principalmente a obesidade. Em virtude dessa realidade, no dia 13/12/2019, foi lançado o Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos. Um dos principais objetivos é mostrar às famílias que devem descascar mais e desembalar menos.

Partindo dessa realidade, de quem fica a responsabilidade de ter hábitos alimentares saudáveis? O que a mídia tem a ver com as escolhas das pessoas?

A construção de hábitos alimentares inicia-se nos primeiros anos de vida e estudos demonstram que as pessoas acabam sendo influenciadas pelos meios de comunicação como: revistas, TV, internet, out doors, dentre outros, estimulando o consumo dos produtos alimentícios divulgados. O hábito de assistir à televisão faz com que crianças e adolescentes adotem um padrão alimentar não saudável, pois são expostos a inúmeros anúncios que podem influenciar as preferências alimentares e o consumo em curto prazo. Além disso, produtos industrializados contêm elevado teor de sódio, açúcares e gorduras (LUCCHINI; ENES, 2014). E isso já começa desde muito cedo, principalmente com as crianças em relação a ingestão de alimentos em redes de fast food que oferecem lanches muito calóricos em conjunto com brindes em forma de brinquedos. Os pais por sua vez acabam oferecendo os alimentos e compartilhando esses momentos com os filhos, uma vez que em muitos casos, é o momento em estão ficando juntos e criando vínculos. Já na adolescência, o comportamento alimentar já está formado e com hábitos já existentes em sua rotina, não sendo errado no ponto de vista deles fazer o consumo desses produtos, uma vez que os pais são seus exemplos e sempre compartilharam. O tempo em frente à televisão pode levar a um hábito de vida sedentário e influenciar diretamente nas escolhas alimentares, uma vez que os anúncios direcionados aos pais e aos filhos em geral contêm apelos emocionais e de amor (EMOND et al, 2015).

O que é preciso fazer para não deixar-se influenciar pelos anúncios e propagandas é desenvolver o “Senso Crítico”. Antes de sair comendo tudo o que é oferecido, pesquise e analise quais os benefícios e malefícios que trazem para sua saúde. Nem sempre aquilo que é falado, realmente é benéfico, e a longo prazo desenvolve consequências para o funcionamento do seu organismo.

Dica da nutricionista:
• Seja bastante crítico ao fazer as escolhas para a sua vida, principalmente em relação a ingestão de alimentos;
• Não aceite tudo o que é divulgado como sendo a melhor escolha. Pesquise sobre o alimento sempre analisando artigos científicos e o que ele agrega na sua saúde, para depois tirar suas conclusões e decidir se irá ser um consumidor daquele produto.

Pare e pense: Você se deixa influenciar pelas pessoas ou propagandas? As escolhas sempre são suas e as consequências também.

Sobre a autora:
Dra. Rosana B. P. Veiga – CRN3 4684

Nutricionista com pós graduação em Gerontologia
Consultora e auditora para empresas e estabelecimentos de alimentação
Atendimento home care, Casas de repouso e professora para cursos de cuidadores
Docente para curso técnico de nutrição
Voluntária na orientação de nutrição da ABRAZ de Campinas – Associação Brasileira de Alzheimer