A importância do RH na inclusão de colaboradores portadores de deficiência física

Em 1999, entrou em vigor a Lei de Cotas, que obriga as empresas com mais de 100 colaboradores, reservem de 2% a 5% de seu quadro de funcionários para profissionais que apresentem deficiências físicas ou beneficiários reabilitados da Previdência Social. O departamento de Recursos Humanos desde então, iniciou um esforço para se fazer cumprir a lei e preencher essas vagas, porém, se deparou com diversos desafios, internos e externos.

A falta de acessibilidade e a resistência dos gestores são os principais obstáculos internos que o RH enfrenta. A primeira porque exige um investimento financeiro na adaptação da infra-estrutura, e no segundo caso, é preciso mudar a cultura de uma mentalidade antiga, reforçada pelo receio de como se devem administrar esses novos colaboradores, junto com os outros colegas, levando-se em conta o exercício da atividade e na cobrança por resultados.

Os outros desafios são a falta de capacitação técnica ou de escolaridade, a super proteção da família e os transportes inadequados. Como essas pessoas nunca receberam incentivos para seu desenvolvimento profissional, quando surge uma oportunidade, elas estão despreparadas. Fazendo que muitas vezes, a própria empresa invista nessa formação para capacitar o futuro colaborador.

Dentro desse cenário, o RH deixa de ser um recrutador e assume uma posição de multiplicador da cultura da inclusão social na sociedade. E isso exige se articular em todos os setores da empresa, mobilizando recursos e conscientizando as pessoas para a causa.

O ingresso desse público nas empresas traz muitos benefícios. Pois sua visão e como eles interagem com mundo, podem contribuir de forma diferenciada em diversos setores, como na avaliação da qualidade ou usabilidade de produtos ou serviços antes de serem lançados, na busca de melhoria de processos de produção, além de melhorar o serviço de atendimento ao cliente ou de pós-vendas, por eles terem um nível de empatia mais desenvolvido, que permite a busca de melhores soluções para as queixas, aumentando o nível de satisfação e da reputação da empresa pelos consumidores.

Com quase de 20 anos de aprovação da lei, muitas empresas já entenderam e assimilaram a importância da inclusão, porém, o mercado ainda está muito longe do ideal e o RH possui papel essencial, principalmente nas empresas menores, que isentas dessa obrigação, deixam de se beneficiar dos diferenciais competitivos que esses colaboradores poderiam trazer a elas.

O tema é muito importante. No próximo texto, vamos aprofundar um pouco mais sobre os cuidados necessários para implantação da política de inclusão e suas vantagens.

Sobre o autor:
Leandro de Luccas
MBA em Gestão de Marketing e Formação em Publicidade e Propaganda pela PUC Campinas.
Diretor da Cafetoria4 Consultoria e Assessoria de Marketing Comunicação e Publicidade