A importância da Comunicação Não-Violenta no ambiente de trabalho

Denúncias de funcionários contra seus superiores ou colegas de trabalho, alegando assédio moral, sexual ou práticas abusivas, sempre vem à tona e ganha grande repercussão nas mídias sociais, podendo gerar não apenas prejuízo financeiro, como também pode arruinar a reputação de uma empresa.

E como o departamento de RH pode ajudar a combater (e prevenir) esse problema?

A solução não é tão simples, pois cada situação exige uma verificação mais profunda, porém, uma das práticas adotadas nos últimos anos pelas empresas e que vem demonstrando um ótimo resultado é a Comunicação Não-Violenta (CNV).

A ferramenta foi desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, com objetivo de ajudar a reduzir conflitos e a estimular a compaixão e empatia entre as pessoas. Porque segundo Rosenberg, um ambiente de trabalho que estimula a competitividade entre as equipes, tende a incentivar que seus funcionários adotem uma postura mais agressiva e incisiva. E como esse comportamento dominador é recompensando, ele acaba sendo aprendido e replicado, por aqueles que desejam crescer na empresa. Por outro lado, um ambiente de trabalho mais colaborativo, as pessoas tendem a ser mais generosas entre si.

A CNV se apresenta como uma ferramenta de transformação do clima organizacional, que tenta promover o diálogo através da observação e da empatia, com objetivo de melhorar o ambiente de trabalho e a produtividade, sem a necessidade de culpar, ofender, humilhar, coagir ou ameaçar o outro. Dessa forma, gestores são capazes de transmitir suas orientações aos subordinados, colaboradores defendem suas ideias aos colegas e líderes compartilham seus objetivos a equipe, de forma mais humana e assertiva.

E como funciona a Comunicação Não-Violenta?

Basicamente, para aplicar a CNV é preciso entender seus quatro pilares:

1. OBSERVAR (separando fatos de julgamentos)

Primeiro, precisamos parar de julgar e/ou criticar a situação e focar apenas em “observar a ação em si”. Por exemplo, ao invés de julgar “Ele sempre chega atrasado”, prefira descobrir “quantos dias ele chegou atrasado essa semana”. Evite também generalizações ou exageros, tais como “ele nunca faz certo”, ou “esse erro sempre acontece”.

2. NOMEAR SENTIMENTOS (reconhecer as emoções que sentimos)

A segunda etapa é identificar e expressar com honestidade, como você se sente em relação aquela situação: frustração, insegurança, raiva, tristeza etc. Isso facilita para a outra parte entender o seu comportamento, perante aquela situação. É importante não julgarmos esse sentimento, nem transferir sua responsabilidade para o outro.

3. IDENTIFICAR NECESSIDADES (revelar o que não está sendo atendido)

É necessário identificar quais necessidades não foram atendidas, que despertaram os sentimentos identificados na etapa anterior. Reflita, “porquê me sinto assim, quando isso acontece?”

Quando identificamos isso, se torna mais fácil colocar em prática a próxima etapa.

4. FORMULAR PEDIDOS CLAROS (faça acordos que viabilizem a convivência)

Depois de identificar as necessidades não atendidas e os sentimentos que elas causam, é hora de fazer o pedido para alterar essa situação no futuro. É um acordo, onde você fala para outra parte “o que” você sente em relação aquilo, o “porque” desse sentimento e finaliza explicando “como” você gostaria que fosse realizado em uma próxima oportunidade.

Os benefícios conquistados com a CNV são quase imediatos, que vão desde a melhora da comunicação interna entre os colaboradores, da comunicação entre os diversos departamentos, diminuição de conflitos interpessoais, redução de perdas na produção, aumento da motivação e engajamento dos colaboradores, e consequentemente, maior produtividade da empresa.

Sobre o autor:
Leandro de Luccas
MBA em Gestão de Marketing e Formação em Publicidade e Propaganda pela PUC Campinas.
Diretor da Cafetoria4 Consultoria e Assessoria de Marketing Comunicação e Publicidade